Apesar de ser conhecido popularmente com método ABA, a ABA (Análise de Comportamento Aplicada) é uma ciência, com resultados obtidos através de pesquisa de dados e conceitos científicos.
A ABA é uma ciência muito utilizada no tratamento comportamental de crianças com autismo.
Como existem tantos tratamentos por aí, é fundamental entender quais são os mais propensos a beneficiar um indivíduo com TEA e quais são os mais propensos a falhar.
Esse método vem sendo estudado há décadas e é amplamente recomendado, tanto por especialistas em autismo, quanto por pais de crianças autistas.
Mas, o que torna esse o método ABA tão eficaz?
Existem dois princípios fundamentais que fundamentam a prática da Análise do Comportamento Aplicada (ABA): aprendizagem e comportamento. A seguir, você vai encontrar tudo o que precisa saber sobre o método ABA.
O que é o método ABA?
ABA é uma abreviação de Applied Behavior Analysis, também conhecida como análise de comportamento aplicado em português.
Por ser um dos tratamentos mais eficazes para crianças com desenvolvimento atípico, essa abordagem deve ser considerada no tratamento de crianças autistas.
Então, usando esse método, você poderá responder a três perguntas fundamentais:
- Como o comportamento funciona?
- De que forma o comportamento é afetado pelo meio em que a pessoa vive?
- Como ocorre o aprendizado?
O método ABA é baseado em sondar esses tipos de perguntas, a fim de aprender mais sobre como o autismo se manifesta na vida cotidiana.
O objetivo é aumentar os comportamentos positivos e benéficos e reduzir comportamentos que atrapalham o processo de aprendizagem.
Importância e os desafios do método ABA na inclusão de alunos autistas
Para destacar a importância da utilização do método ABA no processo de inclusão de alunos autistas na rede regular de ensino, bem como as dificuldades associadas a isso, é necessário, como primeiro passo, destacar algumas situações que são relevantes para o processo de inclusão.
Para começar, é importante destacar que a Constituição da República, aprovada em 1988, reconhece a educação como um direito inalienável e determina que o Estado seja responsável por garantir a eficiência de sua prestação, bem como sua universalização.
Portanto, de acordo com a Constituição, as pessoas com qualquer tipo de deficiência têm direito à Educação Especial, o que lhes garante igualdade de oportunidades e acesso à educação.
Com a ajuda desse modelo de escola inclusiva, começaram a ser avaliados e aceitos procedimentos de intervenção, que garantissem a todos uma educação eficiente.
Com isso, as diferenças passaram a ser tidas como naturais, o que é um passo essencial para a mudança de atitude de uma sociedade mais acolhedora.
Por isso, a inclusão desses alunos deve levar em consideração o fato de que um dos aspectos mais desafiadores do cotidiano da pessoa com deficiência ocorre quando ela inicia suas relações no meio social, ou, dito de outra forma, quando inicia sua vida escolar.
Estando ciente de que a criança autista tem suas peculiaridades e exigências específicas, veja abaixo como ocorrem as intervenções no ABA.
Como as intervenções com ABA funcionam?
Chama-se de análise comportamental aplicada (ABA) a terapia que intervém em uma ampla variedade de comportamentos. É distinto de outros tratamentos, que normalmente concentram sua atenção em um padrão específico de comportamento.
A seguir, estão as características mais notáveis do tratamento ABA:
- Ajuste do programa para atender às necessidades de cada participante. Em poucas palavras, os comportamentos que você deseja aumentar ou diminuir;
- Você pode realizar essa tarefa sozinho ou com um grupo;
- É possível realizar o procedimento em casa, na escola, em clínicas e até mesmo em locais públicos;
- Educar os alunos nas habilidades que são aplicáveis à vida cotidiana.
Confira abaixo os principais métodos ABA aplicados atualmente.
Quais são os métodos ABA?
Existem algumas limitações para a categoria do método ABA para autismo.
Como a análise do comportamento é uma ciência, os especialistas desenvolveram uma variedade de aplicações para seus métodos.
ABA DTT
O DTT (Discrete Trial Training) ou Ensino por Tentativas Discretas, que Lovaas criou no início da década de 1970, é uma técnica que emprega tentativas repetidas de ensino com instruções.
Além disso, a pessoa fica sentada com os pés firmemente apoiados no chão e os braços apoiados em uma mesa durante a aplicação do DTT.
Do outro lado da mesa, o aplicador fica sentado na mesma altura que a criança. Através de um checklist de habilidades, estimula-se a criança a dar uma resposta.
Por fim, cada tentativa apresenta uma resposta e, se necessário, reforça essa resposta. É um treino totalmente estruturado com início e fim definidos.
ABA PRT
Em contraste com o DTT, o PRT (Pivotal Response Treatment) ou o Treinamento de Respostas Pivôs é o segundo tratamento ABA para o autismo.
O PRT vem de uma vertente naturalista, enquanto o primeiro método visa despertar as respostas das crianças em ambientes controlados.
Nesta abordagem, as crianças podem tomar suas próprias decisões, sem um controle prévio, pois são incentivadas a mudar seus comportamentos de maneira natural.
Desenvolveu-se essa abordagem como resultado de especialistas perceberem que muitas crianças não tinham interesse de aprender coisas novas, mas essa situação mudou quando houve a estimulação natural das crianças.
ESDM
O Early Start Denver Model (ESDM) ou Modelo Denver de Intervenção Precoce é um método que visa estimular o desenvolvimento das capacidades das crianças autistas através de jogos e brincadeiras.
Estimulam-se as habilidades verbais, cognitivas e sociais da criança por meio desses jogos e atividades em grupo, que se baseiam na vertente naturalista da ABA, ou seja, busca respostas naturais da criança a partir do seu ambiente.
A interação entre os familiares ou o terapeuta nas brincadeiras e nos jogos, ajudam a promover conexões fortes, que é um dos aspectos-chave de Denver.
Ou seja, a constituição do modelo consiste em:
- Compreender a aprendizagem e o desenvolvimento “normal” da criança;
- Priorizar o desenvolvimento de relacionamentos saudáveis;
- Usa-se brinquedos e atividades diárias para ensinar;
- Incentiva o contato e a comunicação por meio de brincadeiras e jogos.
Aplica-se o método Denver em uma variedade de contextos e circunstâncias, como na clínica, em casa ou na sala de aula. Também aplica-se em grupo ou apenas entre o aplicador e o autista, com o objetivo de estimular as interações sociais da criança com autismo.
Por fim, o Modelo de Denver coloca uma forte ênfase no desenvolvimento da criança, com a ajuda de responsáveis, familiares e/ou parentes.
JASPER
O modelo JASPER (ou Atenção Compartilhada, Brincar Simbólico, Engajamento e Regulação) é uma estratégia de tratamento criada pela Dra. Connie Kasari na UCLA, que combina princípios de desenvolvimento e comunicação.
Então, a atenção conjunta, a imitação e a brincadeira são os principais tópicos desse método, além do uso de técnicas naturalistas para aumentar a frequência, a fluência e a complexidade da comunicação social.
Mais de 500 crianças participaram do teste JASPER nos últimos 15 anos, que tomou a forma de vários ensaios clínicos randomizados (estudos científicos de alto padrão), realizados por pesquisadores dentro e fora do laboratório da Dra. Kasari.
Descobriu-se melhorias no engajamento, comunicação social e regulação emocional com uma diminuição na conduta inadequada e um aumento nas táticas de corregulação dos pais em vários ensaios independentes que avaliaram a eficácia do JASPER.
Assim, por exemplo, o UK NICE, baseado em dados científicos, recomendou o JASPER como uma intervenção funcional para auxiliar na comunicação social.
A técnica Jasper incentiva as crianças a cooperarem uma com as outras, enquanto que os outros métodos influenciam a conduta social das crianças por meio da interação com o terapeuta.
Jasper incentiva a interação entre as crianças e o terapeuta, bem como com outras crianças, por meio de rotinas baseadas em ação e jogos.
Por fim, o jogo simbólico e a comunicação social são enfatizados e isso é feito a partir de uma perspectiva naturalista e comportamental.
Dicas para escolher um programa do método ABA
Pode-se usar o método ABA em uma variedade de configurações, incluindo clínicas e até mesmo nas escolas. Como resultado, descobrir quem procurar e por onde começar pode ser desconcertante.
A relação entre a pessoa autista e seus terapeutas deve ser prazerosa e leve, para que o método ABA seja bem-sucedido.
Então, para ajudá-lo, compilamos uma lista de coisas para procurar e manter em mente:
- Quantos trabalhadores altamente qualificados você pode esperar encontrar neste local?
- Eles são membros de seus respectivos conselhos de classe e possuem uma área de especialização específica?
- Quantos desses especialistas poderão ajudar a criança pessoalmente?
- Em que formato uma sessão típica de ABA ocorre em sua área?
- Existe ajuda para a aplicação em sua casa?
- Que critérios avaliam o progresso de uma criança autista?
- Quantas horas por semana são suficientes para que seu filho receba os cuidados de que precisa?
- Seguro de saúde ou cobertura do SUS pode ser uma opção.
Por fim, você também pode se interessar por um curso online, que pode ser bem mais em conta que um método presencial. Além disso, você ainda pode assistir quantas vezes quiser e no seu ritmo.
Por fim, espero que nosso artigo tenha te ajudado a esclarecer algumas questões sobre o método ABA e não deixe de compartilhar com aquela pessoa que precisa desse conteúdo.